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Jornalista Virginia Vallejo García lança livro sobre sua relação com o narcotraficante
O Globo
18/10/2016 - 16:02/ Atualizado em 18/10/2016 - 16:06
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RIO — Durante cinco anos, Virginia Vallejo García manteve um relacionamento cheio de idas e vindas com, se não o maior, pelo menos um dos mais famosos narcotraficantes de todos os tempos: Pablo Escobar. Mas a jornalista que inspirou a personagem Valeria Velez, de "Narcos", não gosta de ser lembrada por seu amante, e tampouco aprovou como foi caracterizada na série. Sobre Wagner Moura, ela não mede as palavras: "Esse ator brasileiro é um desastre", disse ela, em uma entrevista à " GQ ".
Virginia mora nos Estados Unidos desde 2006 como asilada política. Ela fugiu da Colômbia depois de delatar a possível participação do ex-candidato à presidência da Colômbia Alberto Santofimio no atentado que matou seu concorrente Luis Carlos Galán. A história é mostrada no episódio "Haverá um futuro", o quinto da primeira temporada da série criada por José Padilha.
Ela contou à revista que chegou ao país onde mora atualmente com apenas duas moedas de US$ 0,25 no bolso. Para contratar os advogados que cuidaram de seu pedido de asilo, ela orientou o irmão de Galán a venderà televisão um vídeo no qual contava toda a sua história. Deu certo: ela embolsou US$ 20 mil e 14 milhões de pessoas assistiram à sua versão sobre os fatos.
"Se eu estivesse na Colômbia já teria desaparecido como sumiram as grandes testemunhas que estavam prestes a se reunir com os oficiais da embaixada americana para dar informações sobre a família de Escobar e dos Rodriguez [Rodríguez Orejuela, líderes do Cartel de Cali]. Mataram a todos porque alguém da embaixada os dedurava para os cartéis", contou a jornalista à "GQ".
Em seu livro "Amando a Pablo, odiando a Escobar", prestes a ser lançado no Brasil pela Globo Livros, Virginia fala sobre o período em que se relacionou com o traficante, revelando, por exemplo, que o ajudou a construir imagem de benfeitor dos pobres. Mas a jornalista reclama de como costuma ser retratada, não apenas em "Narcos", mas também em outras produções baseadas na vida de Escobar:
"Cada vez que um canal decide inventar a história da relação de Pablo e Virginia usa uma imagem minha que obviamente é muito velha. Usam porque sou muito famosa na América do Sul. Como em toda novela tem a mocinha e a vilã, me colocam sempre como a mulher má da história. E a mocinha é a esposa do Escobar, que era uma criminosa".
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Virginia reclama que "Narcos" daria a entender que ela fez parte dos cartéis de Cali e Medellín, mas explica que morava na Alemanha durante o período do narcoterrorismo. Ela também não aprova a transformação do traficante em um "ídolo" (Todos os 40 milhões de habitantes do país o odiavam"), mas tem esperança de ver sua história contada de forma diferente em "Escobar", filme espanhol previsto para 2017 com Javier Bardem e Penélope Cruz.
"Acho que Javier Bardem é perfeito para o papel de Pablo. Esse ator brasileiro (Wagner Moura) é um desastre. As pessoas nem querem ver o segundo episódio da serie porque ele falando em portunhol é uma coisa ridícula. Isso não tem nada a ver com o Pablo. Tenho esperança de que o papel de Penélope também corresponda ao que eu era naquela época, uma menina muito linda e inocente que um dia, por coisas estranhas da vida, esbarrou em Pablo Escobar".
Pablo Escobar no Brasil?
Como Wagner Moura disse em entrevista ao GLOBO , a 2ª temporada de "Narcos" mostra "Escobar contra o mundo". Reza a lenda, nunca confirmada, que um dos muitos esconderijos do traficante colombiano foi uma fazenda no Parque Estadual do Jalapão, no Tocantins. (Veja fatos e ficção da 3ª temporada )
A foto da morte de Pablo Escobar é real
Na série, quando a caçada a Escobar termina, em 2 de dezembro de 1993, um dia depois de completar 44 anos, o agente Steve Murphy e os integrantes do grupo de busca posam para foto ao lado do corpo. Na série, a cena se funde com uma foto que mostra o Murphy real, também vestindo jeans, camisa polo vermelha e sem colete à prova de balas.
Quem foi Fernando Duque?
Outro personagem que cresce no segundo ano da série é Fernando Duque, o advogado de Escobar, vivido pelo mexicano Bruno Bichir. Personagem fictício, seria uma mistura de políticos e advogados que trabalharam para o traficante.
O destino de La Quica
A foto do registro policial que aparece na série não nega: La Quica (Diego Cataño) existiu. Dandeny Muñoz Mosquera era um dos principais assassinos do Cartel de Medellín, comandado por Escobar. Diferentemente da série, La Quica foi preso no Queens, em NY, com um passaporte falso. Foi condenado à prisão perpétua e está preso até hoje.
Limón realmente existiu
Introduzido na segunda temporada da série, Limón, o carismático motorista de Pablo Escobar, foi inspirado em Alvaro de Jesús Agudelo, que tinha o mesmo apelido. Interpretado pelo costarriquenho Leynar Gomez, Limón era de fato o único acompanhante de Escobar e morreu durante a troca de tiro com os militares.
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Judy Moncada existiu?
Poucos personagens da série não são baseados em pessoas que realmente existiram. É o caso de Judy Moncada, que volta na segunda temporada querendo vingar a morte do marido, ex-sócio de Pablo Escobar e brutalmente assassinado por ele, e acaba se unindo ao Cartel de Cali. Interpretada por Cristina Umaña, a personagem é fictícia.
E Horatio Carillo?
O personagem de Maurice Compte, um militar durão e capaz de qualquer coisa para capturar Pablo Escobar, não existiu. Ele foi inspirado no coronel Hugo Martinez, que aparece na segunda temporada, à frente do grupo de busca que mata Pablo Escobar.
Quem foi Gilberto Rodríguez Orejuela?
Introduzido na 2ª temporada, e foco do 3º ano, Orejuela ainda está vivo. Chefão do Cartel de Cali, vivido pelo mexicano Damián Alcázar, tinha um estilo mais discreto que Escobar. Orejuela foi preso em 1995, dois anos depois da morte de seu maior rival, chegou a ser solto e, preso novamente, foi extraditado para os EUA.